Entre os dias 19 e 23 de junho a Paróquia da Santíssima Trindade da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil em São Paulo promoveu e acolheu o 1° Congresso Igrejas e Comunidades LGBTI+ em parceria com Koinonia Presença Ecumênica. O Congresso reuniu diversas lideranças políticas, movimentos sociais e de defesa dos direitos humanos, pessoas que pesquisam ou são interessadas na relação entre espiritualidade e questões LGBTI+ , e religiosas de diferentes comunidades de fé que puderam compartilhar suas experiências com outras comunidades e grupos. Tratando de temas como saúde, política e inclusão. No atual contexto as comunidades têm diferentes posições nas questões envolvendo suas espiritualidades e a diversidade sexual de gênero. Ora apoiando e acolhendo, ora excluindo ou invisibilizando seus fiéis e suas lideranças, tornando, ou não, seus espaços religiosos seguros.

Os desafios do acolhimento as pessoas da comunidade LGTBI+ em igrejas e espaços religiosos tem sido uma real necessidade, para essas pessoas que também tem o direito de viver sua fé e serem respeitadas, mas, nem sempre se sentem seguras, temendo serem excluídas ou até mesmo sendo alvo de violências de todo tipo. De acordo com o Reverendo Arthur Cavalcante, reitor da Paróquia da Santíssima Trindade, a ideia de um Congresso surgiu no final do ano passado, pela conjuntura que estávamos atravessando no país, na esfera social, econômica, religiosa e política. “A pergunta era o que podia ser feito para trazer esperança na caminhada de nossas pessoas fiéis? O Congresso surge como uma proposta de usarmos a nossa experiência de Paróquia a serviço das pessoas, irmãs de fé e de luz aos movimentos sociais. Acredito que o Congresso alcançou plenamente seus objetivos.”
Segundo o reverendo foi uma proposta que não só usou as ferramentas/expertises teológicas da IEAB, como também o exercício do ethos anglicano, somado ao jeito da comunidade local de tratar assuntos tão delicados de forma prática e pastoral na última década. A experiencia da Paróquia da Trindade em lidar com determinados temas gerou uma confiança de entidades parceiras e gentes que militam em diferentes espaços.
“A IEAB, através da JUNET, foi uma grande parceira ao confiar em nós a responsabilidade de realizar algo grande e com poucos recursos iniciais. Reunir mais de 230 pessoas durante todo o evento não é brincadeira em tempos tão desafiadores como o nosso.” Destacou Arthur.
O congresso recebeu pessoas das Dioceses Meridional, Paraná, Rio de Janeiro, Recife, Amazônia, São Paulo, Distrito Missionário, bem como a presença de pessoas de diversos estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Maranhão, Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Brasília e Pará. Gente que de outros países como Escócia, EUA e Argentina.

De acordo com a Reverenda Carla E. Roland Guzmán, da Igreja Episcopal dos Estados Unidos e coordenadora da Fé, família, Igualdade: latinx Roundtable (um programa de CLGS) O insight e a complexidade das apresentações e participação foram inigualáveis, mesmo em comparação com outros congressos em todo o mundo. As perspectivas teológica, acadêmica e de base, contextual, interseccional, pastoral e libertadora da comunidade foram abordadas a partir de uma variedade de perspectivas progressistas, ecumênicas e inter-religiosas. “Para a Comunhão Anglicana e outros contextos, o congresso deve ser visto como um modelo de como abordar, em diálogo, uma conversa de direitos LGBTI + em todo o mundo, de uma perspectiva religiosa, social e política. Isso permite que posições teológicas progressistas sobre questões LGBTI+ tenham um espaço que possa desafiar os diálogos discursivos sequestrados pela direita.” disse Guzmán.
O evento correu na semana da Parada LGBTI+ de São Paulo, que este ano comemorou os 50 anos de Stonewall, diversos religiosos e pessoas ligadas a comunidades inclusivas participaram , no domingo, da Parada no “Bloco Gente de Fé” contra a lgbtifobia. Ao final foi redigida a Carta de São Paulo e realizada a celebração de todas as Fés.
Texto: Nilo Junior, Secretaria Geral