Os altos índices de violência contra a mulher no Brasil e no mundo, se mostram como um reflexo de uma sociedade que ainda vê a mulher como inferior ao homem, apesar de estar prestes a entrar na terceira década do século XXI.
Há uma certa dificuldade em entender que alguns comportamentos não são mais aceitáveis hoje em dia, e que certos gestos e tratamentos considerados “normais” em outros tempos, são hoje reconhecidos como práticas abusivas, frutos de um conceito baseado na superioridade de um gênero em relação ao outro.
A cultura da violência contra a mulher está enraizada de tal forma na sociedade que muitas mulheres apresentam dificuldade em reconhecer que estão sofrendo algum tipo de violência. A ausência de agressão física não afasta a ocorrência da violência, apenas nos mostra que essa violência se dá de várias formas, tais como psicológica, sexual, econômica, etc.
Uma forma simples e crítica de se observar a discriminação em razão de gênero, que por muitas vezes é velada pela falta de percepção da sociedade, é inverter os papéis das personagens envolvidas. Uma análise feita a partir de uma situação envolvendo um homem e uma mulher pode partir, no mínimo, de duas perspectivas diferentes, a masculina e a feminina. Os comportamentos e posturas previamente definidos como apropriados para cada gênero, pontuam as ações de mulheres e homens com pesos e medidas diferentes. Em geral, a mulher costuma receber uma carga moral negativa maior por atos que, se realizados por homens, seriam, não apenas aceitos como normais, mas como um sinal positivo de virilidade e força.
A violência de gênero está presente nas mídias diariamente e precisa ser encarada de forma séria pelas autoridades e setores da sociedade civil. Por parte das instituições religiosas, aderir à campanha de 16 dias de ativismo no combate a violência contra a mulher é entender que, como membros da Igreja de Cristo, é nosso dever lutar pelas vidas de nossas irmãs que sofrem.
Não se muda do dia para a noite e é por esta razão que precisamos seguir lutando em favor da igualdade de gênero. Apenas através da educação e conscientização será possível mudar uma realidade que hoje coloca mulheres e suas famílias em risco.
Paula Mello