Um lar de esperança bem no meio do cerrado brasileiro: conheça a Casa A+

“E não nos cansemos de fazer o bem.” (Gálatas 6:9)
Um espaço de acolhida, orientação e cuidado a pessoas que vivem e convivem com HIV/AIDS. Assim é a Casa A+. Fundada em 2011, em Palmas, TO, a obra é fruto dos sonhos e dos esforços da Diocese Anglicana de Brasília e faz parte das inúmeras ações de diaconia encampadas pela Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB).
A Casa é tão respeitada pela comunidade local, e reconhecida pelo trabalho que faz, que de vez em quando atrai a atenção da mídia com matérias bem completas, como essa aqui.
Para compreender melhor esse importante trabalho, que é desenvolvido há 10 anos ininterruptos, a equipe de comunicação da IEAB conversou com o coordenador do projeto, reverendo Magela Neto.
1- Casa A+ faz um trabalho incrível de acolhida e assistência. O que motivou a criação do projeto?
Reverendo Magela: A Casa A+ teve o seu trabalho iniciado em 2011, quando foi organizado o espaço físico para funcionar como local de apoio para as pessoas que vivem e convivem com HIV/AIDS, contando com hospedagem provisória de pessoas que transitavam entre os municípios de Tocantins e a capital, Palmas, para fins de exame e recebimento de medicação.
2- Como a comunidade local tem apoiado as ações de vocês?
Reverendo Magela: A comunidade local apoia os trabalhos da Casa A+ através da indicação de pessoas que, de alguma forma, descobrem positivas [no exame] e necessitam de apoio. No início, ficamos inseguros quanto à aceitação da comunidade em relação aos nossos trabalhos. Mas hoje percebemos o quanto ela abraçou a causa!
3- De que modo comunidades e paróquias anglicanas podem contribuir?
Reverendo Magela: As paróquias e comunidades anglicanas podem contribuir compartilhando nossos cards no Instagram e, também, colocando em seus calendários de oração o dia 1° de dezembro, Dia Mundial da Luta Contra AIDS, porque para nós é o mês referência para a conscientização do tema. Esse ano, de forma maravilhosa, o nosso calendário da Igreja lembra a Casa A+. Por isso, sentimos que as comunidades podem conversar sobre o tema e a importância da prevenção e do autocuidado.
4- Teve alguma razão específica para escolher trabalhar prioritariamente com grupos vulneráveis ao HIV/Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis?
Reverendo Magela: Por mais que vivamos, hoje, na era da informação, o número de infectados pelo vírus não para de crescer. Esses números são especialmente preocupantes na população mais vulnerável, justamente aquela a qual nossa sociedade deseja invisibilizar e jogar para as sombras. O Relatório Global sobre AIDS 2020 nos diz que 62% das novas infecções por HIV em 2020 foram entre populações-chave e seus parceiros sexuais. Essa informação reforça a necessidade e importância dos trabalhos da Casa A+.
5- Que tipo de atendimento é dado aos assistidos?
Reverendo Magela: Hoje, atendemos pessoas para testagem em nosso consultório local, que fica na Casa A+. Oferecemos consultas com infectologista toda terça-feira, além de psicólogos(as) todas as sextas-feiras. Temos, mensalmente, a Caravana A+, que percorre postos de combustíveis, casas noturnas e rotatórias da cidade fazendo autotestagem. 
Atuamos no encaminhamento dos beneficiários para o SUS e/ou para o tratamento. Um dos trabalhos que atualmente fazemos é a busca ativa de pessoas que deixaram de tomar a medicação. Com a pandemia, o número de pessoas que abandonaram o tratamento cresceu. E esse abandono reflete nas enfermarias dos hospitais, que já é grave em função da Covid-19. Mas temos muita fé que vamos conseguir encontrar todas essas pessoas para que elas deem continuidade ao tratamento. Na cidade de Palmas, neste momento, temos 90 pessoas nessa condição. No início deste ano perdemos 7 pessoas para AIDS.
Também buscamos o remédio para quem não tem condições de ir até a farmácia e fazemos a entrega na residência. Com 15 pessoas nessa situação, rodamos cerca de 400 quilômetros por mês só para fazer esse serviço. Mas é um trabalho muito edificante!
Além disso, ainda ajudamos com a doação de cestas básicas, doação de roupas, encaminhamento para vagas de emprego e diversas situações corriqueiras que chegam.
6- Hoje, quantas pessoas são atendidas mensalmente?
Reverendo Magela: Hoje, a Casa atende as cidades de Palmas, Araguaína, Porto Nacional, Aliança do Tocantins, Gurupi, Paraíso e Colinas do Tocantins. Em público direto, são 90 beneficiários. Mas se contarmos os atendimentos que fazemos fora da Casa, como aquele das testagens em casas noturnas, etc., são mais de 700 atendimentos/mês. Alguns dos nossos atendidos, como caminhoneiros, fazem os testes e retornam às suas cidades. Esses certamente não continuarão o tratamento conosco, mas já saem daqui orientados.
7- Gostaria de acrescentar algo?
Sim! Uma das informações que preciso frisar pelo apoio é o Serviço Anglicano de Diaconia (SADD), que financeiramente é um dos responsáveis para que tudo isso aconteça. Junto do SADD temos a Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE) e, claro, a UNAIDS. Esses são os nossos três parceiros sociais primordiais para que continuemos firmes nessa luta. Além disso, contamos com o apoio técnico do governo estadual, fundamental para nós!
Conheça mais esse projeto acessando: www.casaamais.org.

Fotos: Reprodução