Mission to Seafarers: o trabalho anglicano entre profissionais marítimos

Você já ouviu falar da Mission to Seafarers? É um serviço de capelania junto aos portos mantido pela Comunhão Anglicana. Através de uma rede global de capelães, funcionários e voluntários, oferece apoio prático, emocional e espiritual a profissionais marítimos por meio de visitas aos navios, centros de apoio, entre outros. No Brasil, a Mission to Seafarers desenvolve trabalhos em três estados: Pará, Pernambuco e Rio Grande do Sul.
Para explicar com mais profundidade esse belíssimo trabalho, conversamos com o bispo emérito da IEAB, hoje capelão na Mission to Seafarers, Revmo. Filadelfo Oliveira Neto.

Leia, a seguir, o artigo que ele nos enviou:

“A Missão aos Marítimos (Mission to Seafarers) é uma sociedade missionária da Comunhão Anglicana que oferece ajuda e apoio aos marinheiros mercantes. 
A missão presta seus serviços através dos capelães efetivos e voluntários designados para os portos em mais de 50 países.
Nos navios e nos locais onde existem os centros de apoio, os capelães trabalham com aconselhamento, acompanha a situação dos marítimos e seus problemas pessoais, oferecendo ajuda em emergências, além de assistência social e de atendimento espiritual.
A Missão aos Marítimos atua em mais de 250 portos em todo o mundo, fornecendo serviços de comunicação, lojas, serviços de transportes e publica um resumo de notícias bimensal para os marítimos, através do jornal The Sea.
Em mais de 120 desses portos, a Missão possui centros de vivência, conhecidos como Flying Angel Centers, ou Flying Angel Clubs – que oferecem instalações de comunicação e áreas de descanso e relaxamento, e em alguns casos, acomodações.

História

A Missão aos Marítimos tem suas raízes no trabalho do reverendo John Ashley da Church of England, que, em 1835, estava na praia de Clevedon com seu filho, que lhe perguntou como as pessoas em navios no Canal de Bristol poderiam ir à igreja.
Reconhecendo as necessidades dos marítimos dos quatrocentos navios à vela no Canal de Bristol, ele criou a Missão do Canal de Bristol. 
O reverendo John levantou fundos e, em 1839, foi construído um navio especialmente projetado para a missão, chamado EIRENE. Nele, havia uma cabine principal que poderia ser convertida em uma capela para 100 pessoas.
O trabalho do reverendo John Ashley inspirou ministérios semelhantes no Reino Unido e, em 1856, foi decidido que esses grupos deveriam ser formalmente organizados sob o nome de A Missão aos Marinheiros na Superfície, em Casa e no Exterior.
Em 1858, esse nome foi mudado para The Mission to Seamens, hoje, THE MISSION TO SEAFARERS e a organização adotou seu logo Flying Angel, ainda em uso até hoje.

No Brasil

Nos portos de Suape-PE, Belém-PA e Rio Grande-RS, temos atendido os marítimos no que diz respeito ao transporte até centros de compras, ou casa de câmbio, além de aconselhamento espiritual, realizando celebração a bordo e ministração de bênção nas diversas dependências dos navios, bem como aos marítimos a bordo.
No ano de 2017, fui convidado pelo bispo João Câncio Peixoto Filho, da Diocese Anglicana do Recife, para servir como capelão junto à Mission to Seafarers no porto de Suape.
Iniciei minhas atividades como capelão em julho daquele mesmo ano e, a partir de então, venho atendendo os marítimos em nossa região.
Esta tem sido uma tarefa extremamente gratificante, pois é possível perceber a alegria e bem-estar dos tripulantes das mais variadas nacionalidades, quando de nossa visita, pois eles sabem que naquele porto há alguém com quem eles podem contar, independentemente de sua etnia ou religião.
Atualmente, um dos grandes desafios que se colocam para as diversas capelanias é o atendimento aos marítimos diante da pandemia da Covid-19, pois são inúmeras as vezes que o nosso acesso ao navio se dá apenas no deck, respeitando os protocolos estabelecidos pelas autoridades sanitárias. Muitas são as vezes, também, que os navios estão sob restrição e, assim, o acesso não é possível.
Nosso objetivo maior é proporcionar o bem-estar a todos os marítimos, sem que se faça proselitismo, atendendo-os em suas necessidades, promovendo o bem-estar de cada qual, respeitando todas as expressões de fé com as quais nos deparamos nos navios.”
Revmo. Filadelfo Oliveira Neto
Mission to Seafarers
Capelão 
Fotos: Acervo pessoal