Sobre enfrentar o Patriarcado, a partir do lugar de Fé
“Se alguém diz que ama a Deus e odeia seu irmão, é mentiroso.” (1 João 4:20)
As reverendas e a União de Mulheres da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB) vêm, por meio desta nota pública, manifestar apoio e solidariedade à pastora Odja Barros, que está sofrendo ameaças de morte, além de outras violências desde que celebrou o casamento entre duas jovens.
Nós compreendemos que no Reino de Deus não há lugar para cidadãs de segunda classe: somos todas filhas de Deus e, nesta condição, temos livre acesso ao seu amor, pois Deus não faz acepção de pessoas.
O que nos causa estranheza, enquanto Mulheres Cristãs, é o fato de que algumas lideranças religiosas e pessoas leigas condenam e ameaçam uma pastora por celebrar um casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas demonstram grande passividade diante da realidade de um Brasil que tem milhares de pessoas desempregadas e outras tantas passando fome. Onde a violência praticada contra mulheres e o número de feminicídio só aumentam, principalmente entre as mulheres pretas e pobres. Em que os direitos das mulheres são ameaçados e violados todos os dias e um número absurdo de crianças estão órfãs e desamparadas porque perderam seus pais para a COVID-19.
Diante disto, declaramos que essa conduta é incompatível com o princípio moral do Evangelho – que consiste em amar a outra pessoa como a si mesmo. E, deste modo, denunciamos que as ofensas e ameaças proferidas contra a pastora Odja Barros não são sobre “ser cristã”, mas uma reação perversa contra aquelas que corajosamente ousam enfrentar o Patriarcado a partir do lugar de fé que ocupam em nossa sociedade.
Que a pastora Odja e sua família, assim como as duas jovens que receberam a benção do matrimônio, sigam em paz e em segurança, certas de que estaremos juntas nessa caminhada de luta e fé.
Que a Ruah Divina sopre ventos de proteção sobre a vida de todas!
#ForçaPastoraOdja
