IEAB na Comissão de Diálogo Teológico Anglicano-Ortodoxo

De 7 a 14 de outubro, nosso bispo Humberto Maiztegui, da Diocese Meridional, participou do encontro da Comissão Internacional de Diálogo Teológico Anglicano-Ortodoxo (ICAOTD), reunida em Atenas, no Centro Inter-Ortodoxo, situado no Mosteiro de Penteli.
A Comissão discutiu amplamente e finalizou a declaração de acordo intitulada “Viver bem, Morrer Bem: Nossa Certa e Segura Esperança”. Da mesma forma que em reuniões anteriores, o trabalho da Comissão foi baseado na oração diária e na adoração. 
O trabalho da Comissão continuará em outubro de 2023, onde será hospedada pela Diocese Anglicana em Jerusalém e pelo reverendíssimo arcebispo, dr. Hosam Naoum.
Sobre esse assunto, conversamos com o bispo Humberto, na entrevista a seguir.

Bispo, por que esta participação é importante no contexto do diálogo ecumênico?

Bispo Humberto: O diálogo bilateral entre duas denominações cristãs tem por objetivo aproximar o máximo possível do que é chamado de “unidade visível da Igreja de Cristo”. 
Isto é, Cristo não está dividido, a Sua Igreja é “una, santa, católica e apostólica”, como dizemos nos Credos. No entanto, para cumprir o mandato de Jesus presente no Evangelho, segundo a comunidade de João, “que todos sejam um para que o mundo creia” (João 17:21), é necessário buscar ações concretas que aproximem a vida das igrejas entre si. 
Esta comissão se reuniu pela primeira vez de forma plena em 1973 e, de lá para cá, produziu diversos materiais. Uma mudança concreta produzida por este diálogo foi a supressão da cláusula “filioque” (que procede “do Filho”) no Credo Niceno, por ela não estar presente no texto original deste Credo ecumênico. Isto aproximou nossas igrejas. 
Embora a ordenação feminina e, agora, o casamento de pessoas do mesmo sexo possa ter nos distanciado, o diálogo tem superado estas barreiras, havendo mulheres ordenadas do lado anglicano e a presença de Províncias Anglicana que admitem o casamento de pessoas do mesmo sexo ou, ainda mais, a plenitude sacramentas das pessoas LGBTQIA+, como ocorre na nossa IEAB. 
Os textos produzidos na comissão, chamados “Declarações de Acordo”, permitem que cada parte aprenda uma com a outra. Lamentavelmente, nem todos os textos se encontram traduzidos ao português, o que limita seu impacto direto em nosso meio.
Do lado anglicano, há uma preocupação de que toda a realidade global esteja representada, tendo pessoas do Reino Unido, Austrália, Canadá, Sri Lanka, África do Sul, Oriente Médio e Brasil. Agora, trabalhamos em temas de bioética, como eutanásia e doação de órgãos, por haver, nestes temas, mútuo interesse e possibilidade de acordo.

Como a caminhada da IEAB pode enriquecer a Comunhão Anglicana e o diálogo ecumênico?

Bispo Humberto: A presença de nossa Igreja está colocada justamente para que, nestes diálogos, seja considerada a realidade e conhecimento teológico, pastoral e litúrgico produzido em nossa Igreja e região. Isso tem sido facilitado pelo diálogo promovido pela Comissão de Estudos Teológicos da América Latina e Caribe (CETALC). 
Mas, também, essas participações oferecem subsídios para a nossa realidade, como foi a declaração sobre ecologia, que pode ser acessada no site da Comunhão Anglicana. Certamente, o texto sobre cuidados paliativos e morte digna trará subsídios para nossas pastorais, sendo que já há países onde a eutanásia é legalizada.