A caminhada em comunidade – Domingo Ecumênico da Paróquia S. Felipe
O caminho de quem escolhe viver o Evangelho para além das amarras das religiões é, na maioria das vezes, árduo. É importante e fundamental não trilhar esse caminho sozinho. No primeiro domingo de março deste ano, tivemos o privilégio de refletir sobre a nossa caminhada. Em um belo culto ecumênico, a comunidade da Paróquia São Felipe e a comunidade do Refugo, em Goiânia-GO, foram convidadas pela irmã Elizabeth Costarelli, da Igreja Romana (ICAR), a partir da partilha do evangelho em Mateus 17:1-9, a refletir sobre três pontos. Você lê a íntegra da homiliaclicando aqui.
O ponto umestá relacionado com o começo do primeiro versículo do capítulo. “Seis dias depois.” A irmã nos relembrou o que aconteceu antes na história, para que fosse possível responder a questão “seis dias depois do quê?” Jesus havia acabado de contar aos seus discípulos que o caminho de quem decide seguí-lo não é fácil. É preciso tomar a nossa cruz e entender que uma vida com Jesus não é uma vida de conforto. É preciso abandonar e deixar coisas para trás.
Recebemos o convite, enquanto comunidades, a pensar no que deveríamos deixar para trás para que continuássemos no Caminho de Jesus. Foi unânime a convicção de que precisamos abandonar o nosso ego. O nosso pensamento de superioridade, enquanto indivíduos e enquanto grupo. Se queremos construir uma comunidade dialogal e acolhedora, diversa e plural, precisamos nos colocar em pé de igualdade, em meio às nossas diferenças, para com todas as pessoas ao nosso redor.
A partir dessa conversa, a irmã nos conduziu ao próximo ponto da reflexão. Jesus convidou três dos seus discípulos para subir a montanha. Escalar montanhas não é uma atividade simples. É preciso estar muito atento sobre onde pisar e como pisar. É preciso preparo. E principalmente, não se pode subir uma montanha sozinho. Jesus convida para que subam com Ele.
Fomos, então, convidadas a pensar sobre quem está ao nosso lado, enfrentando as batalhas a fim de chegar ao topo. Refletimos sobre a necessidade de construir um ritmo em conjunto, para que o objetivo final seja alcançado. Sobre a importância de incentivos e cuidados mútuos. Concluímos a partir disso, que só é possível caminhar junto com pessoas de ritmos diferentes quando deixamos de lado o nosso ego e nos colocamos lado a lado com os próximos.
Por fim, no terceiro ponto, a irmã nos relembrou do fato de Jesus ter sido transfigurado. Ele foi transfigurado. Não se transfigurou sozinho. Somos também convidados a deixar que Deus nos transfigure e transfigure nossas comunidades para sermos usadas por Deus para refletir a Luz. Luz que nos toma de maneira integral, se nos esvaziarmos de nós mesmas. Assim como um copo de vidro. É preciso que ele seja esvaziado para que a luz reflita e transpareça sobre ele. Ele já não é mais vazio, mas como dizem nossos irmãos Gilberto Gil e Chico Buarque, é cheio de ar. Ar que, para nós, é o sopro da Ruah Divina.
O tempo reflexivo da Quaresma e o ecumenismo são pontes no caminho para a transfiguração de nossas comunidades. Nos esvaziarmos de nós mesmos, nos prepararmos para a caminhada, escolhermos quem estará ao nosso lado e permitir que Deus nos use da forma que deseja são as lições e desafios lançados no culto de hoje. Que sejamos transfigurados todos os dias, acolhendo nossas diversidades e sonhando com a utopia de um ambiente seguro, respeitoso, calmo e cheio de amor.
O Domingo Ecumênico acontece todos os primeiros domingos de cada mês na Paróquia São Felipe na Celebração Dominical que ocorre a partir das 10h. Seguido de um almoço vegetariano.