George Whitefield, um anglicano defensor do calvinismo
George Whitefield (1714-1770) foi um pregador anglicano que se tornou um dos principais líderes do movimento evangélico do século XVIII. Ele era conhecido por suas pregações apaixonadas e eloquentes, que atraíam multidões em toda a Inglaterra e nas colônias americanas. Embora tenha tido alguns conflitos com líderes da Igreja da Inglaterra devido a suas opiniões teológicas e práticas de pregação, Whitefield permaneceu como um membro da Igreja Anglicana até o fim de sua vida.
Whitefield nasceu em Gloucester, Inglaterra, e foi criado em uma família anglicana devota. Desde cedo, ele demonstrou interesse pela religião, e aos 17 anos ingressou no Pembroke College, em Oxford, onde estudou teologia. Foi durante seu tempo em Oxford que Whitefield se tornou um defensor do calvinismo, que é uma doutrina teológica que enfatiza a soberania de Deus na salvação das pessoas. Ele se juntou a um grupo de estudantes que se reuniam para estudar as obras de teólogos reformados, como João Calvino e Jonathan Edwards.
Após sua ordenação como diácono em 1736, Whitefield iniciou sua carreira de pregação itinerante, que o levou a viajar por toda a Inglaterra e para as colônias americanas. Ele era um defensor fervoroso da doutrina da predestinação, que ensina que a salvação é determinada por Deus antes mesmo do nascimento de uma pessoa, e que a fé em Jesus Cristo é o meio pelo qual Deus concede a salvação aos seus eleitos. Essa ênfase no papel da graça divina na salvação foi uma das principais características do calvinismo, e influenciou profundamente a teologia de Whitefield.
Embora Whitefield fosse um anglicano devoto, suas práticas de pregação e suas opiniões teológicas nem sempre eram bem recebidas pelos líderes da Igreja da Inglaterra. Ele acreditava que a Igreja deveria ser mais aberta e acolhedora às pessoas comuns, e que a salvação deveria ser pregada de forma mais acessível e compreensível. Isso o levou a entrar em conflito com alguns líderes da Igreja, que o acusaram de desviar-se das práticas litúrgicas anglicanas e de pregar uma forma de evangelismo que não era adequada à tradição da Igreja.
Apesar desses conflitos, Whitefield permaneceu como um membro da Igreja Anglicana até o fim de sua vida. Ele acreditava que a Igreja era um instrumento importante para a pregação do Evangelho, e que seu papel era o de reformar a Igreja a partir de dentro, em vez de abandoná-la completamente. No entanto, ele também reconhecia que havia limites para o que ele poderia fazer dentro da Igreja, e que, em última instância, ele era responsável perante Deus, e não perante a hierarquia da Igreja.
Whitefield continuou a pregar e a fundar igrejas em todo o mundo de língua inglesa, incluindo na América do Norte, nas Bermudas e nas Índias Ocidentais. Ele também foi um dos fundadores da Sociedade Missionária de Londres, uma organização que tinha como objetivo evangelizar as colônias americanas e outros lugares onde o cristianismo não havia sido estabelecido. Essa obra missionária foi uma extensão natural da teologia de Whitefield, que acreditava que a salvação era para todos, e que a Igreja tinha a responsabilidade de levar o Evangelho a todas as nações.
Em 1740, Whitefield visitou as colônias americanas pela primeira vez, onde pregou para grandes multidões em Filadélfia, Nova York e Boston. Suas pregações tiveram um impacto significativo no Grande Despertar, um movimento de renovação espiritual que varreu as colônias americanas na década de 1740. Whitefield foi um dos líderes desse movimento, e suas pregações e escritos ajudaram a moldar a teologia evangélica americana.
Apesar de seus laços com o calvinismo, Whitefield também era conhecido por sua preocupação com as obras sociais. Ele fundou um orfanato em Georgia, Estados Unidos, e incentivou seus seguidores a apoiar a obra missionária em todo o mundo. Whitefield acreditava que a fé em Jesus Cristo deveria levar a uma vida de serviço aos outros, e que a Igreja tinha a responsabilidade de cuidar dos pobres e marginalizados.
Em 1770, Whitefield morreu repentinamente em Newburyport, Massachusetts, enquanto estava em uma turnê de pregação. Sua morte foi lamentada em toda a Inglaterra e nas colônias americanas, e sua influência continuou a ser sentida na Igreja Anglicana e no movimento evangélico por muitos anos. A vida e o legado de George Whitefield são um testemunho da maneira como a teologia calvinista e a tradição anglicana podem se unir para inspirar um ministério apaixonado e comprometido com a proclamação do Evangelho a todos os povos.
Whitefield também era um escritor prolífico, e suas obras incluem sermões, diários e cartas. Seus escritos foram amplamente lidos e distribuídos na Inglaterra e nas colônias americanas, e muitos deles foram publicados em vários volumes. Ele acreditava que a escrita era uma ferramenta poderosa para disseminar a mensagem do Evangelho e para encorajar outros a se tornarem mais comprometidos com sua fé. Seus escritos também fornecem um vislumbre de sua vida pessoal e de sua visão de mundo, e continuam a ser lidos e estudados por estudiosos e cristãos até os dias de hoje.
Escravidão
Infelizmente, George Whitefield não foi um defensor da abolição da escravidão e, de fato, possuía escravos em suas plantações na Georgia. Isso levantou algumas críticas de outros líderes religiosos da época, como John Wesley, que era contra a escravidão.
Em artigos posteriores, aqui no site, traremos exemplos de pessoas anglicanas, como William Wilberforce e Harriet Beecher, que eram abolicionistas e tiveram papel importante nessa luta.