Entrevista exclusiva com a bispa Magda Guedes, nova presidenta do CONIC
Brasília foi sede, nos dias 15, 16 e 17 de junho (2023), da XX Assembleia Geral Ordinária e da Assembleia Geral Extraordinária do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC). Inspirados sob o tema “Aprendei a fazer o bem, praticai a justiça” (Is 1:17), as pessoas participantes elegeram a nova diretoria do Conselho.
Pela primeira vez em sua história, uma mulher foi eleita para a presidência. E essa mulher é, para a nossa alegria, a nossa bispa Magda Guedes, da Diocese Anglicana do Paraná.
A equipe de comunicação da IEAB conversou com a bispa sobre essa nova missão.
Confira.
Bispa Magda, como foi receber a indicação, por votação, para presidir o Conselho Nacional de Igrejas?
Para mim, ser eleita para a Presidência do CONIC representa um grande desafio. A gente sabe do compromisso e da responsabilidade que o CONIC tem em diversas áreas, principalmente na luta por direitos de todas as pessoas, sem exclusão. Mas quando a gente é chamado a estar em determinadas funções, como essa, sabemos que podemos contar com o apoio de outras pessoas. E eu entendo que a nova Diretoria que assume entende isso e dará continuidade em todos os projetos que o CONIC vem fazendo.
Vamos, em unidade, fortalecer o que já vinha sendo feito, claro, também contando com o apoio de muitos parceiros e parceiras, dos movimentos, das nossas Igrejas, que sempre estiveram conosco nessas caminhadas, metas, planos e ações.
Portanto, receber a indicação para a presidência, num primeiro momento, causou temor. Mas também trouxe a certeza de que estamos juntos e juntas numa missão com pessoas que darão o suporte para esse trabalho. Estamos em família e não caminharemos a sós.
Hoje, você é bispa da Diocese Anglicana do Paraná. De que modo essas duas atribuições, bispa diocesana e presidenta do CONIC, são complementares?
Eu estou como bispa na Diocese Anglicana do Paraná há cerca de dois anos. Por aqui, a nossa Diocese tem uma característica interessante, que é estar envolvida em diversos projetos com outras Igrejas, movimentos sociais, etc. Então, tanto a função de bispa quanto a de presidenta do CONIC, ao meu ver, são complementares e uma oportunidade a mais de fortalecer o ecumenismo e o diálogo inter-religioso a nível estadual, no meu caso, no Paraná (que é o estado em que atuo pela IEAB), e também nacional, via CONIC.
O CONIC é, hoje, o maior Conselho de Igrejas (de âmbito nacional) do mundo. Ciente de que no Brasil nem sempre é fácil promover o ecumenismo, como você pretende trabalhar para fortalecer esse organismo?
É notório o fato de o CONIC ser um Conselho de Igrejas reconhecido mundialmente. E isso acontece, sobretudo, pelas causas que defende e pelos projetos que está à frente.
Quais projetos são esses? A luta por justiça, luta pela paz justa e para todos e todas, promoção do diálogo e respeito às diversas religiões, entre outros. A Diretoria eleita, enquanto grupo, tem a missão de fortalecer ainda mais a incidência do Conselho, estando ao lado daqueles e daquelas que não têm vez e voz na sociedade. E não faremos isso isoladamente. Mais uma vez, vamos contar com o apoio de todos, das Igrejas, dos movimentos, de parceiros e parceiras, afinal, essa é uma pauta que não pode ser apenas do CONIC, mas da sociedade como um todo. É assim, caminhando em conjunto, que pretendemos fortalecer o CONIC e todas as suas ações.
Quais são, na sua opinião, os maiores desafios e as maiores oportunidades para o próximo quadriênio do CONIC, e como esses desafios podem ser superados e as oportunidades aproveitadas?
Os principais desafios é continuar promovendo o diálogo ecumênico e inter-religioso no desafiador contexto brasileiro. Outro desafio é dar continuidade ao Planejamento Estratégico, que está sendo reformulado e teve a participação de representantes de todas as igrejas-membro. A sustentabilidade financeira também está nessa pauta, pois sabemos que o Conselho enfrenta um cenário nada amigável nesta área. É por isso que as igrejas-membro serão, por nós, cada vez mais motivadas a abraçar os projetos do CONIC.
Gostaria de acrescentar algo?
Sim. Nós temos o compromisso de dar continuidade em todo o trabalho que o CONIC desenvolve. Quando comemoramos os 40 anos do Conselho recentemente, na presença de várias representações de igrejas, membros fraternos e movimentos que o CONIC é parceiro, ouvimos de muitos que o ‘CONIC está onde nós não podemos estar’ e ‘contamos com o CONIC para ser a voz onde não temos voz’. Isso nos desafia a continuar na missão. Mas sozinhos podemos muito pouco. Juntos, sim, vamos mais longe.
Sigamos vivendo a unidade na diversidade, com respeito, tolerância e paz.