No domingo, 1º de junho, a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB) celebrou com emoção e gratidão seus 135 anos de existência e os 40 anos da ordenação feminina. A celebração aconteceu na Catedral Anglicana da Santíssima Trindade – Catedral Nacional, em Porto Alegre, e reuniu cerca de 180 pessoas.
Presidida pela bispa primaz Marinez Bassotto, a celebração teve como pregadora a bispa Jo Bailey Wells, bispa para o Ministério Episcopal na Comunhão Anglicana e Secretária-Geral Adjunta da Comunhão Anglicana.
Foi um momento marcante de memória e compromisso, celebrando o passado com gratidão e o futuro com esperança. A presença de lideranças da IEAB e da Comunhão Anglicana deu testemunho da vitalidade de uma Igreja que se constrói com base na fé, na inclusão e na justiça.
Mulheres Tecendo Justiça – 40 Anos de Ordenação Feminina na IEAB
A celebração marcou também o encerramento do encontro “Mulheres Tecendo Justiça – 40 Anos de Ordenação Feminina na IEAB”, que teve início na quinta-feira (29). Esse encontro reuniu, também em Porto Alegre, cerca de 45 mulheres de todas as dioceses da IEAB — clérigas das ordens diaconal, presbiteral e episcopal, bem como mulheres leigas, representantes da UMEAB, profundamente comprometidas com a missão da Igreja.
Ao longo desses dias, as participantes compartilharam experiências, refletiram sobre os desafios históricos e atuais da caminhada das mulheres na Igreja e celebraram conquistas fundamentais iniciadas por mulheres que não desistiram de testemunhar a inclusão do amor de Deus.
O encerramento do encontro no domingo foi simbólico e poderoso: o passado e o presente se encontraram em uma mesma mesa, na celebração eucarística, recordando a presença fiel de Deus ao longo da história e renovando o compromisso da IEAB com uma missão enraizada na equidade de gênero, na inclusão e na dignidade de todas as pessoas.
Celebrar 135 anos de IEAB é reconhecer uma trajetória construída por muitas mãos — indígenas, negras, brancas, homens, mulheres, LGBTQIAPN+, pessoas de diferentes contextos sociais — pessoas chamadas a viver e anunciar o Evangelho libertador de Jesus Cristo. E celebrar 40 anos da ordenação feminina é afirmar que a justiça de Deus continua a abrir caminhos onde antes havia muros.
Que a memória dessas datas nos inspire a continuar trilhando caminhos de fé, coragem e transformação.
Documento Final do Encontro que Celebra os 40 Anos de Ordenação Feminina na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil
“Não tenha medo, porque eu a protegi. Eu a chamei pelo nome. Você é minha.” (Isaías 43:1c)
Nós, mulheres da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, reunidas na cidade de Porto Alegre – RS, entre os dias 29 e 31 de maio de 2025, em celebração aos quarenta anos da ordenação feminina, manifestamos com alegria e gratidão a Deus e à nossa Igreja as conquistas alcançadas nesse período. Avançamos significativamente na ampliação da participação feminina em espaços de liderança e em organizações ecumênicas tendo hoje uma bispa Anglicana na presidência do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – CONIC.
Conquistamos maior visibilidade e respeito no âmbito da Comunhão Anglicana – inclusive com a singularidade de, atualmente, termos a única mulher Primaz entre as quarenta e duas províncias. Além disso, demos passos importantes na construção de uma liturgia mais inculturada e inclusiva, refletindo a diversidade que nos compõe.
No entanto, reconhecemos que ainda há um longo caminho a percorrer até alcançarmos a plena equidade de gênero em nossa Província. Entre os desafios que persistem, destacamos a necessidade de combater o machismo estrutural e a centralização do poder em figuras masculinas, bem como de fortalecer os laços de sororidade entre nós.
Olhando para o futuro, reafirmamos nosso compromisso de despertar novas vocações ministeriais femininas, garantir uma Igreja segura para todas – tanto clérigas quanto leigas – e promover a formação continuada das mulheres, especialmente em níveis de graduação, mestrado e doutorado. Conclamamos nossa Igreja a seguir abrindo e consolidando espaços de atuação para as mulheres, amplificando suas vozes nos processos decisórios e oficializando, canonicamente, a paridade de gênero em todos os níveis – paroquial, diocesano e provincial.
Também ressaltamos a urgência do letramento em gênero, raça e etnia para toda a comunidade eclesial, a fim de que sejamos agentes transformadores das estruturas injustas da sociedade, desafiando toda forma de violência e promovendo a paz e a reconciliação.
Guiadas por nossa caminhada profética e sob as bênçãos da Divina Ruah, reafirmamos nosso compromisso de lutar contra todas as formas de violência dirigidas a mulheres e meninas, denunciando o patriarcado e o racismo como crimes e pecados que precisam ser erradicados. Concluímos este documento reafirmando nosso desejo de continuar testemunhando o Evangelho que professamos, por meio de nossas vidas e ministérios, servindo com amor e dedicação na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.
Que o Espírito nos conduza, hoje e sempre, na construção de uma Igreja mais justa, inclusiva e solidária.